Jogo vira febre na rede. Vídeos com 1 milhão de acessos mostram alunos jogando em sala de aula
POR MARIA LUISA BARROS ( Diário online )
No YouTube, um dos vídeos mais acessados que mostram adolescentes brincando com o compasso | Foto: Reprodução da Internet
Conforme mostrado por O DIA no domingo, jovens de uma escola particular em Nova Iguaçu entraram em transe depois de participar do passatempo que, segundo psicólogos, parapsicólogos e espíritas, não é nada inofensivo. “A maioria dos adolescentes não suporta as emoções e pode desenvolver distúrbios psíquicos graves”, alerta a doutora em Psicologia Clínica da PUC-Rio, Teresa Negreiros.
De acordo com ela, é na escola que os jovens são iniciados na brincadeira porque é lá que eles buscam a identificação com o grupo. “Eles vivem a transição do corpo infantil para o adulto, e os pais perdem a condição de heróis. Por isso, eles tendem a buscar com os colegas respostas para seus medos e desejos”, explica Teresa.
A estudante Gisele, 19 anos, participou do jogo durante dois anos. “Jogava todos os dias, na escola e em casa. Não conseguia parar. É um vício”, conta ela, que deixou de brincar depois que passou a ter alucinações. “Via vultos, escutava passos. Na escola, o compasso se mexia entre o A e o H como se estivesse rindo e as luzes das salas se apagavam. Fiquei muito perturbada”, diz.
Perigo na rede: à direita, comunidade com mais de mil membros no Orkut. Site (E) explica o passo a passo | Montagem com fotos de reprodução da Internet
Em vídeo, jovens passam mal
Com uma folha de papel, os adolescentes desenham um círculo grande e nele as letras de A a Z, os números de 1 a 12, e as palavras ‘sim’ e ‘não’. Um dos jovens apoia o compasso como se fosse usá-lo e os demais fazem perguntas. Em um vídeo na Internet, uma adolescente começa a passar mal quando o instrumento se mexe em direção às letras. Pelas regras, só se pode deixar o jogo se o compasso parar no ‘sim’. Muitos esperam horas até obter ‘permissão’.
Para a mestre em Psicologia Escolar Luiza Elena do Valle, cabe à família e à escola, não proibir, mas orientar sobre o perigo do jogo. “A curiosidade nessa fase é normal. Pais e professores devem estar próximos. Precisam acompanhar e prevenir dos riscos que existem”, aconselha a psicóloga.